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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Futebol no Ceará e no Brasil


Em primeiro lugar, que fique bem claro: Não gosto de futebol. Pelo menos deste futebol que se pratica atualmente, onde os jogadores ganham altíssimos salários e jogam de salto alto. Ganham fama e dinheiro, sem estarem preparados para isso, compram carrões, se envolvem em acidentes, completamente bêbados, se envolvem com drogas, com o crime organizado e com travestis em grandes farras em motéis.

Não entendo o futebol cearense. Tínhamos dois times. O resto era o resto. Somente dois tinham chances de chegar às finais, disputando o campeonato cearense. Eram o Fortaleza e o Ceará. As torcidas se digladiavam. O Fortaleza caiu para a série C e agora caiu o Ceará para a B. Não temos mais nenhum time na primeira divisão. Acabou-se o futebol cearense. O Fortaleza, se não subir rápido vai se acabar, porque o que ele fatura na série C não dá para pagar seus compromissos mensais. Pensando nisso, sempre achei que os times tinham que se ajudar. As torcidas, também. A torcida do Fortaleza deveria agora ter ajudado o Ceará para não cair. A torcida do Ceará deveria ajudar a do Fortaleza a subir. Somente com os dois times na primeira divisão, com os grandes clássicos e estádio cheio, haverá renda para sustentar os dois times. Eles não enxergam isso.

E vem aí a Copa do mundo de 2014. A Fifa está dando as ordens e o Brasil, põe a viola no saco e obedece. O Congresso Nacional pasmem, o Congresso Nacional aprovou uma alteração no Estatuto do Torcedor, lei federal, para permitir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, que estava proibida. Mas a Fifa quer ver todo mundo bêbado, dirigindo ao sair e matando gente por atropelamentos. O nosso congresso nacional já se submeteu à vontade da Fifa e já modificou o Estatuto do Torcedor. Lamentável. Só falta dar um três oitão para cada um, na porta do estádio.

Outra lei que nossos congressistas tiveram que mudar às pressas foi a lei que instituiu a meia passagem e a meia cultural que concede a estudantes a meia entrada em espetáculos, inclusive nos estádios. Não apenas os estudantes são beneficiados, mas também os idosos, indígenas e portadores de necessidades especiais. Todos perdem, pois depois de muita negociação a Fifa aceitou um acordo com o governo brasileiro, pelo qual em três milhões de ingressos, apenas 300 mil serão vendidos pelo preço da meia.

Romário já denunciou que 80% dos ingressos foram vendidos para um só cidadão mexicano. É o maior cambista internacional. Um cidadão japonês comprou 5% e assim todos os ingressos já foram vendidos.

Triste, lamentável, mas é verdade. A Fifa tem travado uma queda de braço com o governo brasileiro e vem ganhando todas. Resta ver quem ganharia no ranking da corrupção: Brasil ou Fifa?

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sócrates e a democracia


Morreu Sócrates, um dos maiores nomes do futebol brasileiro. Ele notabilizou-se nos jogos em que defendeu o Corinthians e a Seleção Brasileira. Sócrates ficou conhecido também pelo seu estilo ético, sério e consciente. Paralelamente à carreira no futebol, ele formou-se em medicina, sendo muitas vezes chamado de Dr. Sócrates.
Como acontece com muita frequência no país, logo após sua morte, as emissoras de televisão se encarregam de endeusar, e transformar o mito em um verdadeiro santo ou herói.
Falam muito na democracia corintiana, criação dele, para mostrá-lo ao mundo como o homem que lutou pela democracia no Brasil, enfrentando a ditadura militar. Não é verdade. Vamos separar e analisar as coisas. Sócrates esteve em nosso futebol em uma época em que a disciplina nos vestiários era algo ditatorial. O jogador ficava obrigado a comparecer às concentrações, dois ou três dias antes dos jogos e ficava trancado em hotéis, com restrições de sexo, bebidas alcoólicas, e sendo obrigado a viver com horários rígidos para alimentação, para dormir e despertar.
Cheio disso que lhe atrapalhava os horários da residência médica, Sócrates usou a sua liderança para levar os demais jogadores do Corinthians a uma rebelião que ficou conhecida como a democracia corintiana. Consistiu em retirar das mãos do treinador e da diretoria o poder de mando. Os jogadores tinham que discutir as decisões. Acabaram com a concentração e outras coisas que incomodavam os atletas.
Isso foi numa época, em que fora dos clubes existia no Brasil uma ditadura militar e o povo ansiava por democracia. Chegou a época das Diretas Já. Sócrates como muitos outros atletas, cantores, artistas globais, foi convidado para ir ao palanque das diretas. Ele foi e disse algumas palavras de ordem, pedindo democracia. Inclusive foi muito infeliz quando ameaçou: - “ou mudamos o país, ou vou embora para o exterior”! As diretas não chegaram naquele ano. Atraído por um contrato milionário na Itália, e não devido a decisões de ordem política, o jogador foi para a Europa, alheio a tudo que ficava aqui, a ditadura militar, os sequestros, os desaparecimentos, as torturas, as mortes.
Democracia corintiana. Democracia no país. Confundiram tudo e hoje, em muitos blogues, Sócrates é apontado como o militante que lutou pela democracia no país. Não é verdade. Sócrates foi um grande jogador de futebol. Liderança entre seus pares levou a democracia ao Corinthians. Mas só isso. Apenas isso.

Este texto está disponível em meu videoblogue em http://www.youtube.com/watch?v=uJwBOWcTG7Q&feature=channel_video_title