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sábado, 13 de julho de 2013

Nosso sistema prisional


Por força da minha participação no Conselho da Comunidade da Comarca de Itaitinga, onde estou presidente, tenho visitado com muita frequência os presídios, as casas de privação provisória de liberdade, nem sempre tão provisórias assim, e tenho saído destes lugares sempre muito revoltado.

Os presos são amontoados em celas sujas e fétidas, que nem de longe, lembram os gabinetes do congresso nacional. Ali, naquelas celas, deveriam estar deputados, senadores, ministros, prefeitos e governadores, além de juízes que vendem sentenças, os que são obrigados a se aposentar antes do tempo, quando deveriam ser presos, em claro exemplo de corporativismo.

Se fosse nominar os bandidos famosos deste país, não haveria aqui o devido espaço. Citarei mortos e vivos, porque pude concluir que mesmo os mortos, são mais vivos que muito bandido que se julga esperto. Paulo Maluf, o juiz Lalau, Toím Malvadeza, vulgo Antônio Carlos Magalhães, o ACM, bandido de muitos nomes. José Sarney e sua dileta filha Roseane, seguindo os passos tortos do pai. Agripino Maia, Renan Calheiros, Henrique Eduardo Alves, e tantos, tantos outros, que em um só vôo da FAB – Força Aérea Brasileira, não caberiam todos.

E, todos eles levam vida boa, são ricos, nunca passaram à porta dos nossos presídios, com medo de lá ficarem. Corruptos, ladrões do patrimônio público, vivem felizes, na certeza da impunidade que eles mesmos legalizam, em leis espúrias que votam na calada das madrugadas frias do planalto central.

A população carcerária de Itaitinga é de aproximadamente seis mil pessoas, o que leva nosso país a ostentar a 4ª colocação no ranking da maior população carcerária do mundo. Perdemos apenas para os EUA, a China e a Rússia. E, muita gente questiona que as cidades continuam inseguras, mesmo com a bandidagem presa. Não querem acreditar que os piores, estão soltos, bem votados e cheios de imunidades.

Nas mídias sociais, muita gente sem ter o que fazer, fica inventando boatos, os menos inteligentes apenas passam os boatos adiante, dando conta de que o país criou o Bolsa Programa, dois mil reais para ajudar as prostitutas, as garotas de programa, e o Bolsa Detento, com dois mil reais para cada filho de preso. Muita gente acredita e nem questiona.

Aliás fica difícil questionar, quando o nível cultural é baixo e se acredita piamente no que se ouve/vê na televisão; programas como o Cidade Alerta, apresentado por Marcelo Resende ou o outro com o Datena, e muitos outros similares que se confundem, mostram ao povo uma violência crescente, contra a qual o estado nada pode fazer. Isso leva muitos a contratarem, quando podem, empresas de segurança particular, um mercado que vem crescendo assustadoramente.

Os programas fazem campanha para a redução da idade penal, apontando adolescentes como os maiores criminosos do país. Mas não dizem que apenas 1% dos homicídios do Brasil são cometidos por eles.

E o país está preso. Pobres na cadeia e a classe média, presa diante da TV, assustada com a onda de violência apregoada. A velha classe dominante continua solta, dando as cartas, locupletando-se com o dinheiro público. Sei que a maioria das pessoas não têm condições de visitar um presídio. Mas visite a delegacia de sua cidade. Veja as pessoas que estão presas ali. A classe social está estampada nas fisionomias. Visite o Fórum. No burburinho do entra e sai de pessoas reparem nas fisionomias dos bem trajados, ternos, vestidos longos, e dos que são conduzidos algemados. Classes sociais explícitas no figurino.

Andem atentos às margens de um rodovia qualquer. Nos postos de combustíveis, borracharias, restaurantes, onde passamos todos os dias, veremos, se abrirmos os olhos, meninas, ainda crianças, sendo estupradas (estupro presumido), em troca de um prato de comida ou de míseras moedas que levarão para casa. Meninos perdem a infância e a escola, para iniciarem o trabalho mais cedo e ajudarem a família. Quando se rebelam e quebram tudo, são vândalos, quando empunham uma arma e vão buscar o que já perderam, são bandidos. Em ambos os casos, a solução é escondê-los nas cadeias e presídios.

Um país com educação e que seja de oportunidades iguais para todos, inclusive nos presídios, é o que precisamos para a felicidade geral da nação.