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quinta-feira, 31 de março de 2011

Carta aberta ao povo de Itaitinga


Nós, cidadãos e cidadãs de Itaitinga, viemos neste momento diante de nosso povo darmos as justas e necessárias explicações, que não estão sendo dadas por quem auto-intitula-se “empregado do povo”.

Nós também votamos em 2004, eu e minha família, como a maioria do povo, em Abdias Patrício, contra Robério Ferrér; e em 2008 votamos nele novamente contra Mauro Tavares, ambos que acreditávamos representar Lourival Tavares. Votamos assim tanto pelo que representava o Abdias – mudanças, ética, honestidade – quanto pelo que representava Lourival Tavares – a mesmice, a continuidade. Nós acreditávamos, como a maioria do povo, em Abdias e sua amizade com Jesus, o verdadeiro prefeito. Chegamos a acreditar em suas estorietas, contadas entre lágrimas e soluços, de menino pobre, filho de agricultor paupérrimo, ou de ex-seminarista que ainda andava de batina porque não tinha dinheiro para comprar uma calça.

Povo de Itaitinga, nós nos dirigimos a vocês, diante dos resultados que aí estão, e queremos dizer a todos que fizemos a nossa opção e fizemos a nossa parte. Se nossa opção por Abdias foi uma boa ou má opção, já é uma outra história. Mas quando a fizemos em 2004 e em 2008 acreditávamos e tínhamos certeza de que era a opção correta. E dentro da administração fizemos a nossa parte. Nossos cargos foram ocupados com ética e honestidade, como não se pode falar de todos. Fui secretário do Meio Ambiente e Defesa Civil, Assessor de Comunicação Social, Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico e Secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca. Ana, minha mulher, trabalhou na Secretaria de Trabalho e Ação Social, na Secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil e na Assessoria de Comunicação Social. Apesar de tudo isto à nosso favor, desconfiamos que do ponto de vista da administração, não fomos tão bem-sucedidos, afinal. Mas estamos felizes com os resultados que alcançamos. Felizes com cada abraço que ganhamos no meio da rua, de pessoas anônimas. Felizes, menos em função dos valores que temos defendido, e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar Itaitinga a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “que erraram” quando a corrupção é descoberta. Ou o cinismo de imputar a pecha de desonestos em pessoas sérias que ele afasta porque são sérias. Tudo em nome de Jesus, o verdadeiro prefeito, de quem ele é apenas empregado.

Então alguns “erraram”. Erraram? Ora, o erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que erramos nós, ao votarmos em Abdias Patrício. Mas muitos que aí estão, rotulados de autores de ações erradas, não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.

Obviamente, não perguntarei a ninguém se por acaso se lembram da ditadura militar, dos generais e seus prepostos. Mas perguntarei se vocês não tem a sensação de “eu já vi este filme”, nos rompantes do nosso prefeito, na sua prepotência, na irritação com os subalternos, quando a notícia não lhe é agradável (falta de médico, de merenda, de medicamentos).

Nós que tivemos o privilégio de saber ler e escrever, que temos empregos e o que comer diariamente, pois tivemos pais que se sacrificaram para termos independência, não deveríamos deixar para os mais jovens em Itaitinga, um presente de grego como Abdias Patrício, ou quem quer que seja aquele (a) que ele possa fazer de sucessor. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados por Abdias Patrício juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.

Assim como aprendemos em tempos passados que o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito. Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotarem na memória de nossas novas gerações.

Buscaremos explicações dos TCMs, TCEs, TCUs, CGUs MPC e Polícia Federal, para que dê ao povo, a todos nós, com mais transparência, notícias sobre as operações Província, Gárgula I e Gárgula II, que parecem tão convenientemente abafadas.

Aí sim, temos a certeza de que a partir de 1º de março de 2011, cada pedra tosca deste velho e obsoleto calçamento de nossa cidade, que ele prometeu pavimentar e não o fez, vai se arrepiar.