“Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, mas não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”.
(Carlos Drumond de Andrade)
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, mas não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”.
(Carlos Drumond de Andrade)
Agora eu sinto que não vai dar certo. Nem devia ter começado. Conheço a realidade que me cerca. Perdi meu tempo, iludi amigos, criei para todos falsas esperanças. 21:34 h. Vou dormir. Acelerar a chegada de uma nova manhã. Não é fuga, era assim que eu fazia quando criança, à véspera do Natal, para que Papai Noel chegasse logo. E ele chegava. Chegava mais rápido. Trazia presentes. Cresci. Presentes não há. Só o presente. Presente duro. Restos do ontem, prenúncios de um mau amanhã.
Amanhã sem razão de ser. Amanhã que soa como passado. Vontade de esperar o ontem, que por certo virá. Ontem eu era livre. Hoje não o sou. Amanhã?
Eu só queria a paz perdida da minha ilha deserta. Sem a casa, sem coqueiros, sem a lua, sem o mar, sem ninguém para enganar. Mas a paz, a paz perdida, a paz reconquistada, mesmo que rota, e ensangüentada, mas um momento de paz.
Sei lá se vou dormir...