terça-feira, 29 de novembro de 2011
Crendices Populares
Como diz a canção da MPB vivemos em um país abençoado por Deus e bonito por natureza. Mas, também por natureza, este é um país riquíssimo em superstições. E não poderia ser diferente em um país que nasceu à sombra da miscigenação de índios, negros e brancos europeus. Nossos índios se pintavam e se adornavam com penas e miçangas coloridas. Alguns negros, vindos da região do Islã sabiam trabalhar metais e fizeram adornos de prata e ferro. A tudo isso chamaram de “balangandãs”.
Mas estes balangandãs não tinham a função apenas de enfeitar. Havia por trás, toda uma estória que os levava a crer em proteção, e que muitos acreditam e cultuam até hoje. Mexendo na caixinha de adornos da minha filha, encontrei dois destes balangandãs. Um olho grego e uma pimenta vermelha.
O olho grego é uma bolinha de vidro colorido branca, com uma circunferência menor em azul, e outra bem menor de cor preta que representa a pupila do olho. Acredita-se que ele emite energias, positivas, naturalmente. Afasta a inveja, o “olho grande” e absorve energias negativas que iriam para quem o usa. Desta forma, quando não tiver mais espaço disponível para a absorção de energias, ele se quebra.
A pimenta vermelha acredita-se que afaste todo o mal que viria para quem a usa, deixando quem o enviou com todo o ardor da pimenta em suas entranhas; além disso, a sua cor vermelha viva atrai os olhos e “puxa” toda a energia ruim que viria deste olhar.
Passaríamos todo o dia aqui escrevendo/lendo sobre este tema inesgotável. Todo mundo considera isso como crendice, meras superstições. Mas todo mundo usa alguma das crendices populares do Brasil.
Nas casas de amigos que mais pensamos que não acreditam nessas coisas, ali se vê uma ferradura atrás da porta, um comigo-ninguém-pode no jardim, uma figa na pulseira, e tantas outras coisas.
Dei um balanço na minha casa para ver quantas dessas coisas incorporei ao meu cotidiano e sem perceber vai sendo “cultuado” por aqui. Achei muita coisa. No alto da porta do meu quarto, pendurada, balançando ao sabor dos ventos, há uma bruxinha, sobre a qual já escrevi no meu blogue. Ela personifica uma lenda nórdica que diz -"Quando ele e ela, tocarem as vestes da bruxa, jamais se separarão”. Deu certo, já caminhamos para quase 25 anos de casados.
No jardim, sentado em um tronco seco de carnaubeira, está um São Francisco, obra do artista popular Diógenes, que diuturnamente protege minha casa, minha família. Eu o pedi sentado, e creio que ele deve estar feliz, pois está confortavelmente instalado sobre o tronco, sem o cansaço de outras imagens que permanecem eternamente de pé.
Tenho uma Bíblia Sagrada em um CD, obra da Editora Paulus. Foi presente de um padre, um ex-amigo, que por mais que distribua CDs com a Bíblia Sagrada pelo mundo, não diminui sua pesada carga de pecados a exigir o justo castigo.
Mas o que tenho de mais importante para afastar de minha casa os maus espíritos, é uma carranca do Rio São Francisco, que segundo historiadores, na proa das barcas, navegou por ali de 1880 a 1940 tendo sido as únicas embarcações primitivas dos povos ocidentais que utilizaram figuras de proa. No portão da minha casa, a carranca afasta os maus espíritos, os corruptos, que desaparecem sem imaginar nem o porquê. Muita gente da prefeitura deixou de andar aqui depois que coloquei a carranca no portão.
Há tudo isso e muito mais, para proteger a pessoa contra os maus fluídos. É para acreditar? Acho que não, mas é algo que deve ser preservado, pois faz parte de nossa cultura, faz parte da formação do nosso povo e deve ser passado para as futuras gerações, como um importante eco do nosso passado.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Exploração da miséria
Trabalhando na minha varanda ouvi um barulho de carro de som, entrando em minha rua. Parecia que o carro estava parado em algum ponto próximo de minha casa.
Uma voz de homem, falando pausadamente, quase chorando apelava às pessoas para que ajudassem “essa pobre mulher com um problema na perna” sofrendo há muitos anos sem que a medicina possa dar jeito. Ela precisa da sua ajuda. Ajude com qualquer valor que Deus o abençoará. Se não tiver dinheiro pode doar um quilo de qualquer alimento, pois ela é sozinha no mundo e não pode trabalhar para prover o seu sustento.
E ele prossegue agradecendo com um muito obrigado a esta senhora que ajudou com cinco reais. Obrigado ao garoto que trouxe um quilo de café, e por aí vai. Fui até ao portão para ver o carro passar. Ao ver-me no portão ele parou o carro e apelou para os meus sentimentos solicitando que o ajudasse. Aproximei-me e vi uma senhora, aparentemente com mais de 60 anos, com uma das pernas inchada e totalmente ferida e ensangüentada. Não sei que doença ela tem.
A prática da mendicância não é mais crime no Brasil, nem contravenção penal. Mas aquele casal está explorando a boa fé das pessoas. Ela, se contribuiu para a previdência e tiver direito à aposentadoria, já tem idade de estar aposentada por tempo de serviço ou por doença, se for o caso. Se nunca contribuiu, já tem idade de estar recebendo o Benefício de Prestação Continuada – BCP, exatamente para as pessoas que chegam a esta idade e não tem o amparo da previdência.
Além de ter o direito de estar recebendo um salário mínimo, tem direito a tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde – SUS e acesso a medicamentos gratuitos.
Ele continuava apelando para que eu contribuísse. Aproximei-me dele e perguntei se ela não teria direito à aposentadoria ou ao BCP. Prontifiquei-me a ir com ele ao hospital de nossa cidade para uma consulta e início do tratamento. Ele arrancou com o carro dizendo ao microfone: “Se o senhor não quer ajudar, que Deus o abençoe assim mesmo!” Claro que eles não querem tratamento. O tratamento e a cura seria como matar a galinha dos ovos de ouro.
Polícia! Onde está a polícia que não vê isso? Onde estão as assistentes sociais do Centro de Referência Especializado de Assistência Social - Creas que não vêem isso? Onde estão os conselheiros municipais do idoso que não vêem uma idosa sendo vilmente explorada? Para quem não conhece o Creas, ele é uma unidade pública e estatal, que oferta serviços especializados e continuados a famílias e indivíduos em situação de ameaça ou violação de direitos, que é o caso daquela senhora.
Eles estão frequentemente em nossa cidade. Quer vê-los? Eles aparecem na semana de pagamento dos aposentados, pagamento do Bolsa Família, pagamento dos servidores públicos. Nestas oportunidades, em que o povo incauto está com dinheiro, eles surgem para a exploração da miséria. Passam em frente à delegacia, ao Fórum, ao Creas, todos ouvem os apelos dramáticos do homem, e ninguém toma qualquer providência. E a idosa continua sendo vilmente explorada, porque ao final do dia, depois que ele conta o arrecadado e desconta o da gasolina, do desgaste de pneus, o do trabalho dele, quanto sobra para ela?
No alto, foto aleatória, captada na internete.
Este texto pode ser visto no meu VÍDEO BLOGUE FRAGMENTOS, no You Tube, em http://www.youtube.com/watch?v=egjUiTACPDw .
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Adoção de animais. E as crianças?
Cada dia mais comum nos noticiários da grande mídia, fatos que mostram crianças recém nascidas, abandonadas pela mãe. Há mães que fogem da maternidade deixando lá o próprio filho abandonado, que será encaminhado para uma instituição e talvez consiga adoção. Adoção difícil, nos casos de crianças negras ou portadoras de deficiências.
Para falar apenas de casos recentes, vimos mãe que descartou o filho, dentro de uma sacola de supermercado, atirando-o em um terreno, por cima do muro. Outro foi jogado no lixo, em um container, numa esquina qualquer. Crianças em sacos plásticos foram atiradas em lagoas e sobreviveram, porque o saco fechado, contendo ar, não afundou e foi encontrado por alguém. Houve uma que vendeu o filho por sessenta reais e uma cesta básica! Crianças institucionalizadas são cada vez mais comuns, e as instituições sem fiscalização, nem sempre as tratam com dignidade e respeito.
Vejo com certa preocupação os mil e um apelos nas redes sociais, para que adotemos animais de rua. Referem-se aos cães de rua, como anjinhos, que precisam de nossa proteção. Nada contra. Tenho em casa seis cães, e quatro foram “adotados” diretamente das ruas, ou da casa de amigos que iam descartá-los. Nunca vi nas mesmas redes sociais um apelo em favor de crianças de rua, para que alguém se sensibilize e adote estes anjinhos!
Ainda nas redes sociais vi um casal de São Paulo, passando final de semana no Guarujá e que encontrou próximo ao hotel duas gatas de rua, famintas e abandonadas. Compraram ração e alimentaram as bichanas enquanto permaneceram ali, e depois fizeram o apelo na rede social, para que pessoas dali, ou das proximidades, adotassem as gatinhas. Claro que viram muitas crianças de rua, abandonadas, famintas, nas portas de bares e restaurantes, mãos estendidas em um gesto desesperado, tentando saciar a fome que os mata lenta e cruelmente. Em nenhum momento vi o casal afirmar nas redes sociais que lhes deu um prato de comida. Como não vi o casal apelar para moradores do local, no sentido de encontrar-lhes um lar.
Fico muito à vontade para falar porque de 1997 ao ano 2000, fui membro do Conselho Tutelar. Preocupado com o que vi, de crianças que têm seus direitos violados constantemente, fundei o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente, e venho lutando diuturnamente pelos direitos dos pequenos. Perdi a conta de quantos meninos e meninas retirei das ruas, para instituições ou para adoção. Fico mais à vontade ainda, para adotar cães de rua, porque não esqueci as crianças.
O ser humano deveria inspirar-se no mundo animal. Os irracionais têm outras atitudes em relação às suas crias. Uma das cadelas que adotei recentemente, a Lolita, que tem cerca de um ano, estava em um final de tarde, nesta semana, deitada sob a rede da varanda, onde eu estava deitado, concentrado, pensando no que escrever para o meu blogue nesta próxima sexta-feira. Repentinamente vi passar um bando de micos, no Nordeste chamados de soim, pulando de galho em galho nas árvores. Ao pularem de uma palha de coqueiro para outra, as mães levavam os filhotes nas costas, firmemente agarrados. Porém um destes filhotes caiu ao chão, e ela gritou desesperadamente atraindo a atenção do bando que ia mais adiante e voltou de imediato. A Lolita correu para o local e mataria o filhote de soim, é o instinto animal. Mas todo o bando desceu como um exército organizado de soins, e avançou contra a Lolita, batendo-lhe no focinho e mordendo-lhe as orelhas. Enquanto isso a mãe recolocou o filhote nas costas e subiu no coqueiro. O resto do bando instantaneamente subiu o coqueiro deixando a cadela latindo para o alto, não se dando por vencida.
E eles são os irracionais! As mulheres, seres racionais, que abandonam ou vendem os filhos, poderiam se inspirar neste bando de soins, que mostrou organização, união e, principalmente, amor à família.
Você pode ver este texto no meu vídeo blogue em http://www.youtube.com/watch?v=egjUiTACPDw .
sábado, 12 de novembro de 2011
Insegurança nas universidades
Notícias verdadeiramente preocupantes vinham chegando de todos os cantos do país, dando conta de grande insegurança nos campus universitários, que atingem alunos, professores e funcionários.
No início deste ano, para não irmos muito longe, diversas foram as notícias que chocaram o país, dando conta de estupros nos campus, nas salas e principalmente nos banheiros de faculdades públicas ou particulares.
O estupro é um crime hediondo que atingiu universitárias de norte a sul do país, em instituições públicas e privadas. As últimas tentam ainda, abafar os casos para não prejudicar suas imagens, sem nenhuma preocupação com a vítima.
Em São Paulo, tentaram assaltar um estudante para levar-lhe o carro. Como ele esboçou reação, foi assassinado, no estacionamento do campus. No Ceará, um professor teve o veículo levado do estacionamento do campus, por ladrões que o deixaram ali, completamente nu.
Em todo o Brasil, é comum o roubo de computadores e caros equipamentos de laboratórios. Câmeras de segurança filmaram e a TV exibiu o ladrão entrando sem nada e saindo com um “notebook” de uma universidade. O caso mais comum é o de sequestro relâmpago, no qual professores, funcionários e estudantes são levados ao caixa eletrônico para sacar o que puderem e depois são levados em seus próprios carros para bairro distantes onde são liberados.
Esta era a situação caótica na qual se encontravam mergulhadas nossas universidades públicas e privadas. A sociedade ouviu o grito de socorro vindo dos muitos campi de universidades estaduais e federais que pediam segurança. A Universidade de São Paulo – USP, a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, com o maior campus do país, situado na Ilha do Fundão, a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, a Universidade de Brasília – UNB, a Universidade Federal do Ceará – UFC, entre outras, abriram suas portas, através de convênios, para que as polícias militares de seus estados pudessem adentrar aos campi e ali fazer o patrulhamento ostensivo, dando mais segurança à comunidade universitária.
Estatísticas oficiais comprovam que houve redução nos crimes praticados ali, e que citamos, como estupros, roubos, furtos, assaltos, sequestros relâmpagos e outros. No entanto, enquanto alunos da UFMG, da UNB, e da UFRJ apareciam em telejornais pedindo um aumento do efetivo policial militar em seus campi, para aumentar a segurança, três estudantes da USP foram presos por fumarem maconha no estacionamento. Foi o suficiente para que outros cento e cinquenta estudantes tentassem resgatar os presos, o que não conseguiram. Mas depredaram seis viaturas policiais e atiraram contra os policiais paus, pedras e um cavalete. Passaram à ocupação do prédio da Geografia, mais tarde se transferiram para o prédio da Reitoria. Nada contra a ocupação de prédios públicos. Já participei disso, de forma pacífica, sem danos ao patrimônio público para exigir reformas, aumentos de salários de professores, melhores condições de ensino, melhores equipamentos, ou fora do meio estudantil, para exigir terras para a reforma agrária, moradias para os sem teto, etc. Mas o que se viu no prédio da Reitoria foi a barbárie, cenas de depredação, para defender o uso livre da maconha no campus universitário.
Ora, a maconha é proibida no país. A Cidade Universitária, não pode ter legislação própria, diferente da cidade de São Paulo, onde está inserida. Os vândalos falam em protesto para mudar a lei e liberar a maconha, mas não é destruindo a Reitoria que se muda a legislação.
Cidadãos perplexos passaram a ver na TV, o vandalismo de um pequeno grupo de maconheiros, que não representa o pensamento dos estudantes da tradicional e respeitada USP, destruindo computadores, mesas, cadeiras, câmeras de segurança, enquanto de outro lado, o Estado demorou a tomar a decisão de cortar água, energia, internete e iniciar a reintegração de posse com a prisão de todos os vândalos, que deveria ter sido feito no primeiro minuto. Note que o estudante da foto cobre o rosto com a camisa, tal como o fazem os bandidos, porque sabe que o que está fazendo é crime. Veja o cartaz onde afirma que “os policiais são trabaliadores...”
Muitos irão me chamar agora de reacionário. A estes, que não conhecem minha história, meu desprezo. Para que eles estejam aí hoje, com plena liberdade, para me criticar e fazer o que quiserem, posso dizer simplesmente que eu VIVI 68!
O ano de 1968 foi um ano bizarro, muito louco, enigmático, que muitos que o viveram ainda não o entenderam. Zuenir Ventura explica aquele ano, em seu livro “1968, o ano que não terminou”. Estive presente nos principais acontecimentos daquele tempo e de muitos participei ativamente. Costumo dizer que estive de corpo presente, participando, contribuindo, lutando, nos acontecimentos do Rio de Janeiro, onde morava. Vi, assisti, sentindo-me participante, mas “por procuração” os acontecimentos no resto do mundo. Equipes de TV, tudo assistiam e me mostravam, como se seus jornalistas fossem meus procuradores.
Assim, vi, por procuração a “Libertação de Paris”, o “Maio Parisiense” nas barricadas, no tumulto dos sinos, nos incêndios, nos fogos de artifício. Vivi, por procuração, a "Revolução Húngara" e vivi por procuração, um momento inesquecível, o "Outubro Polaco". Vivi por procuração, ainda, a "Primavera de Praga". Foi por procuração que pude ver, me sentindo como quem participava, a alegria de “Abril em Lisboa”!
Mas foi aqui, que sem procuração nenhuma, vivi de corpo presente, enfrentando tanques e a cavalaria, na Avenida Rio Branco, os acontecimentos de 68, que marcaram para sempre, com sangue, tortura, desaparecimentos e mortes, a história do nosso país. Em 28 de março de 1968, estava na Cinelândia quando soube do assassinato de Edson Luiz, no Calabouço. Corri para lá, e voltei com a multidão que trouxe o seu corpo para ser velado na Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara. A história guardou e reverencia seu nome. Mas com ele morreu - poucos dias depois, no hospital – o estudante Benedito Frazão Dutra. Ficaram feridos e foram atendidos no Hospital Souza Aguiar Telmo Matos Henriques, Antônio Inácio de Paulo, Walmir Gilberto Bittencourt, Olavo de Souza Nascimento e Francisco Dias Pinto. A Polícia Militar do Estado da Guanabara – PMEG, altamente despreparada, tinha como comandante da operação um aspirante, recém saído da Escola de Formação de Oficiais, o Asp. Aloísio Raposo.
Naquele tempo, sem o vandalismo e a maconha de hoje, estudantes de São Paulo se solidarizaram e quatro mil estudantes fizeram uma manifestação na Faculdade de Medicina da USP. Também foram realizadas manifestações no Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade São Francisco, na Escola Politécnica da USP e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Em junho de 68, estive na passeata dos 100 mil, exigindo o fim da censura e lutando pela redemocratização. Em outubro, não pude ir ao 30º Congresso da UNE, em Ibiúna – SP, do qual poucos voltaram, e em dezembro assisti consternado a decretação do Ato Institucional N.º 5, o famigerado AI 5.
Agora, também consternado, assisto, por procuração, o vandalismo dos maconheiros que denigrem a história da USP. Hoje já tentam mudar o foco da ocupação e começam a dizer que a luta dos estudantes é por melhor qualidade na educação da USP. Não! Não podemos esquecer que o motivo foi a prisão de três maconheiros no campus, e que um grupo de 150 não aceitou a atuação da PM, exigindo que ela saia do campus.
Não posso esquecer que a USP, como disse acima, foi em 68 solidária às manifestações estudantis. Foi um dos principais redutos de resistência, para que hoje possamos todos nós, inclusive os rebeldes sem causa, os baderneiros da USP, viver em liberdade num estado de direito, numa democracia plena, que ajudei a construir.
Pena que uma comunidade de mais de 200 mil pessoas na USP, a maior universidade da América do Sul, seja atingida por um grupinho de baderneiros que dá este mau exemplo ao mundo. Quem ganhou com isso? Quem perdeu? Sinto que eu, como cidadão, que ajudei a construir, como ajudo a manter a USP perdi muito. Torço para que as perdas fiquem nos danos materiais, na falta de aula, no nome emporcalhado da universidade que haverá de sair dessa rapidamente porque tem história. Recuso-me a pensar que possamos vir a perder a liberdade, nossos direitos fundamentais, nossa Constituição Federal Cidadã, tudo duramente conquistado por tantos, inclusive por mim, e pela muitas turmas que passaram pela USP, antes dos atuais baderneiros que defendem o uso da maconha no campus.
Marcadores:
USP; Reitoria da USP; Maconha na USP
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Enem, Christus e OAB/CE
Mais uma vez os colégios particulares, os donos de cursinhos e a mídia estão aí unidos, batendo no Enem – Exame Nacional do Ensino Médio, um dos bons frutos do Governo Lula, que ao criá-lo, tentou popularizar a educação, ou seja, colocá-la ao alcance das camadas mais pobre da população.
O Enem bateu de frente com a máfia dos cursinhos de pré-vestibular, que haviam se especializado em preparar estudantes para uma prova de múltipla escolha, onde nem era tão importante o aluno ter conteúdos. Eram cursos caros que selecionavam o estudante pela sua renda familiar.
A chegada do Enem abriu a universidade para as camadas mais pobres da população. Isso me trás de volta a uns 15 ou 20 anos atrás, quando vindo do Rio de Janeiro vim morar em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza – CE. Contava-se nos dedos de uma das mãos, quantos estudantes de curso superior tínhamos em Itaitinga, filhos de Itaitinga, que concluíram o então 2º grau em Itaitinga, no único colégio onde se podia fazer o 2º Grau. O Colégio Valmique Sampaio de Albuquerque.
Estes poucos estudantes que chegaram à universidade pleitearam à prefeitura um transporte para trazê-los da faculdade à noite, pois era tarde e já não havia a linha regular de ônibus funcionando. O prefeito colocou uma kombi que trazia aqueles jovens. Numa Kombi, cabiam todos eles. Era a kombi que às 22 horas saia daqui levando para Fortaleza professores do 2º grau, que lá moravam, e que para não retornar vazia, trazia aqueles estudantes.
Hoje a situação é outra. Não unicamente por causa do Enem, mas o ensino melhorou como um todo. Precisa melhorar? Claro. Mas tínhamos aqui no município, professores concursados ganhando um salário mínimo. E eram felizes, por que havia municípios que pagavam metade disso ou menos e ainda atrasavam o pagamento de salários. O Governo Federal aprovou o piso salarial da categoria que está em quase três salários mínimos, ou seja, o salário do nosso professor triplicou. O Governo Federal aumentou em mais um ano o período de ensino fundamental. Muitas outras coisas vem sendo feitas ao longo dos anos, desde 2002.
Com tudo isso, e principalmente com o Enem, o estudante pobre de nossa cidade readquiriu ânimo novo, teve sua alto estima elevada e chegou com maior facilidade à universidade concretizando seus antigo sonho. Hoje se a prefeitura quiser colocar transporte para trazê-lo de Fortaleza, terá que pensar em ônibus, uma frota de ônibus! E como a educação se expandiu, nosso jovem que vai a faculdade, já não vai apenas para Fortaleza. A Universidade veio para o interior, e muitos dos nossos jovens estudam em faculdades de Horizonte, Pacatuba, e até aqui mesmo, em Itaitinga onde temos pedagogia, serviço social, educação física, administração e outros cursos.
A máfia dos cursinhos, cujos donos são os mesmos donos de grandes colégios particulares, junto com a grande mídia, estão todos com saudades dos cursinhos pré-vestibulares, que lhes proporcionavam lucros fáceis, à custa da ignorância de nossos jovens.
Estes donos de cursinhos e de grandes colégios particulares estão juntamente com a grande mídia, o PIG, lutando par por fim ao Enem. Lutam juntos por interesses comuns. A Folha de São Paulo, que já me acostumei a chamar de Falha de São Paulo, a Revista Veja, a Rede Globo, dos marinho, não reconhecem o Enem como um avanço da educação brasileira, que a democratizou, pois o Enem acaba tornando mais difícil a entrada na universidade, de menininhos ricos, da Casa Grande que agora disputam a vaga das grandes universidades com mais candidatos, os candidatos da Senzala.
Parabéns ao MEC – Ministério da Educação e Cultura que se mantém inflexível na decisão de não cancelar nacionalmente a prova do Enem, que prejudicaria mais de cinco milhões de estudantes. O vazamento da prova do Enem foi algo localizado, e olhe lá se não foi premeditado para se fazer o escândalo, em um colégio de Fortaleza. O Christus. Que se anule as provas dos 639 alunos que fizeram a prova lá.
Lamentavelmente o colégio está no Nordeste, e o que se viu nas redes sociais, foi mais agressões contra o povo nordestino, chamado no sul/sudeste de burro, e que o país deveria fazer explodir uma bomba no Nordeste. Mais uma vez vem os valdetários da OAB/CE, empunhando suas espadas flamejantes, ameaçando a população do Sul/Sudeste com processos por discriminação. E como o fez em mil e uma vezes anteriores, nada faz, se cala, e coloca a outrora respeitável e temida OAB em situação vexatória.
Para finalizar, não podemos esquecer-nos de mais duas criações do Governo Lula, o Fies – Programa de Financiamento Estudantil e o Prouni – Programa Universidade para Todos. O Fies permite que qualquer estudante pobre, com boa nota no Enem, escolha a faculdade onde deseja estudar. Mesmo as mais caras, entre as particulares. Ele busca o financiamento da Caixa Econômica Federal e paga depois de formado. O Prouni dá a ele o direito de estudar gratuitamente nas mais caras faculdades do país, pois elas se obrigam a dar bolsas para estudantes pobres. Dar, não é o termo, o governo federal paga tais bolsas, permitindo que a faculdade a abata de impostos a pagar.
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