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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Minha Ilha


Hoje eu queria achar uma nova dimensão da amizade... um mundo novo, onde os sentimentos fluíssem de uma maneira extraordinária... onde a possibilidade de expressar-se sinceramente, existisse... onde o desamor morresse... onde o amor fosse possível, apesar de suas limitações...


Achei um lugar de remanso... um lugar de paz, onde dar é tão possível quanto receber... onde o importante é ser... Achei minha ilha. Uma ilha deserta, onde posso ficar só. Só com o mar, o céu, a lua, um coqueiro, uma casinha...


Aqui posso rir com loucura e chorar de amargura... aqui sinto que vale à pena muita coisa que acreditei perdida... aqui tenho esperanças, coragem, forças... aqui me recarrego de energias para continuar lutando diariamente... e isso me ajuda a ser mais feliz...


Aqui achei uma pessoa extraordinária... aqui achei VOCÊ !!!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Violência contra crianças

O tema sempre existiu, nunca como agora.
Nossa mídia está ocupando quase todo o seu tempo para mostrar fatos já mostrados, sobre o bárbaro assassinato da menina Isabela, em São Paulo. Flashes são exibidos e re-exibidos da casa dos Nardoni, da casa dos Jatobá ou da casa dos Oliveira. Claro que estamos todos indignados, mas é necessária a re-exibição, ou a TV deveria aguardar fatos novos para exibi-los?
Mais ou menos à mesma época do cruel assassinato, numa cidadezinha da Região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, uma menina de 10 anos pulou da janela do seu apartamento no 4° andar. Motivo? Seu pai chegara bêbado e ela já sabia a que tipos de violências seria submetida. Atendida no hospital público, sobreviveu. Com alta médica, foi para a casa da avó. A reportagem das TVs mostrou a menina na casa da avó, em recuperação e o pai preso, na delegacia. A matéria durou cerca de dois minutos e nunca mais se falou no assunto.
Hoje, em um telejornal local, no Ceará, mostrou-se que na cidade de Jardim, na região do Cariri, uma criança de 3 anos foi estuprada e morta por um homem que já está preso. A matéria local durou cerca de um minuto e nada se falou nos jornais ditos nacionais.
Isabela era uma menina de família branca e rica, morando na maior e mais rica cidade do país. As outras duas eram pobres. A capixaba, moradora da periferia de Vitória, numa cidade da Região Metropolitana. A outra, nordestina, pobre, morando numa região pobre de um estado pobre.
Parece brincadeira, mas a situação financeira das vítimas, a cor da pele e a região do país onde mora, influencia no espaço que a mídia dedica à vítima. Lamentável, mas é verdade.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Chuva


Hoje acordei com esta chuvinha persistente que caiu a noite toda e insiste em continuar molhando a minha manhã. Abro a minha caixa de mensagens e uma me chama atenção. Decido começar por ela: AFINIDADE. Eu estava certo. Valeu a pena, começar assim meu dia.
Manhã fria, com nuvens baixas que encobrem a minha serra. Brisa suave e fria que me obriga a vestir roupas que nem quero.
Esta minha brisa leva as nuvens, que envolvem a serra, a rodeiam e escondem, mas deixam-me perceber, no silêncio desta manhã, o murmúrio baixinho, quase um lamento, das águas a escorrer pelas pedras, caindo em pequenas cascatas, seguindo como um riacho, atravessando o meu jardim, onde molho os pés, nesta água gelada, que há pouco estava no céu, na serra, e agora, se infiltra e se perde por entre as folhas do gramado.
A chuva afugentou meu beija-flor, minhas borboletas, meus micos. Esconderam-se todos. Só a mamãe sabiá, não se afastou do seu ninho, onde atenta e assustada, cuida de seus dois filhotes, e nem se abala quando me aproximo e protejo o ninho com um plástico que a protege agora da chuva.
Sentiu que temos AFINIDADE.
Volto molhado. A dor é grande, deixo-me cair na rede, penso em você. AFINIDADE. É isso. AFINIDADE. Eu e você. E a chuva continua.

domingo, 20 de abril de 2008

Salvando Lagoas ou um e-mail cheio de esperança

Fui ver o blog da amiga AURILEIDE e encontrei uma referência a um texto meu, publicado em uma revista de meio ambiente. Resolvi reproduzir aqui, com um comentário meu mesmo, colocado lá. Vale à pena visitar o blog da AURI em aurileide.blogspot.com e deliciar-se com seu TEXTO SENTIDO.

Hoje de manhã (18/12/2006) cheguei pra trabalhar e encontrei minha caixa postal cheia de SPAM. Para minha surpresa, dentre anúncios de porcarias que eu nunca vou precisar e um convite para o Encontro Nacional de Nota Fiscal, um artigo de um amigo meu.Publicado em um revista de meio ambiente, o texto chega a ser poético, se não fosse documental. Paulo Afonso, um jornalista experiente e um ambientalista convicto e praticante tem o dom de transformar em emoção um conjunto de palavras escolhidas cautelosamente.Vivendo em um lugar hostil e de onde a maioria sai com tristeza, ele consegue a proeza de nos mostrar como lá pode ser um bom lugar pra se viver. Como existe esperança e beleza até mesmo no desespero, na pobreza e na isolação. Tenho orgulho de ter conhecido e poder chamar este maravilhoso ser humano de amigo.

1 Comentários

Eita! Assim você acaba comigo. Sou assim, escrevo, escrevo, escrevo. Há outras coisas a fazer. Páro de escrever. Mas aí chega um comentário como este seu e tenho que voltar, pois você me faz acreditar que escrevo. Seu incentivo, sempre presente, foi sempre fundamental.Eu,Ana, os filhos biológicos e os adotados (kkkk) te amamos. Todos enviam beijos.
PAULO AFONSO

sábado, 19 de abril de 2008

Chico Poeta

Chico Poeta era o meu pai. Natural de Ubajara, no Ceará, de onde saiu cedo para Fortaleza, para prosseguir os estudos no Colégio Militar. Foi daí para a Escola Preparatória de Cadetes, ainda em Fortaleza e depois para a Academia Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, de onde saiu aspirante à oficial, na arma de infantaria, na turma de 1931. Oficial voltou a Fortaleza, onde serviu no QG da 10ª Região Militar, no 24° Batalhão de Caçadores e no Colégio Militar, de onde foi secretário.
Mas aqui, eu queria prender-me ao seu lado poético e romântico, pois até quero de vez em quando, postar uns poemas seus. Alguns de seus poemas, como "O Carreiro de Estremoz" recebeu música de José J. Carvalho, para canto orfeônico em quatro vozes. Também "Jangadas," escrito em 1927 foi musicado pelo maestro Euclydes da Silva Novo, com pauta para piano e canto. O mesmo maestro musicou seu poema "Canção de Iracema," de 1928, para canto orfeônico em quatro vozes.
Sua veia poética aflora em cada linha de seus trabalhos, onde objetos inanimados ganham vida, voz, alma lírica, como a sua. É o caso de "jangadas que interrogam", da "velha porta a gargalhar", "pedras que sonham indiferentes", ou ainda quando vê o Farol de Mucuripe, como humano, atribuindo-lhe coração e sentimentos.
Mesmo nos difíceis dias em que viveu as crises que nossa história registrou, não permitiu jamais que o seu lado "soldado" endurecesse o coração de poeta apaixonado
Do pequeno Chico Poeta que vendia versos aos colegas do Colégio Militar, em Fortaleza, por alguns trocados para o cinema, ao generalato, no ápice da carreira, nunca deixou de escrever, com muito amor e romantismo, mesmo nos piores dias, para o país ou para o seu coração.
A inspiração e a beleza que afloram em seus versos prendem para sempre os que o lêem pela vez primeira. De onde, de que espírito tão puro, vem tanta beleza? E onde está a beleza da solidão, do inconformismo, do arrependimento, da morte? Disse Anatole France, In Vie Literaire: "Creio que jamais conseguiremos saber, porque motivo uma coisa é bela."
Esta frase, embora vindo de um autorizado artista, não nos obriga a demorar na busca desta certeza. Será a beleza uma coisa objetiva, ou somente uma idéia pessoal, subjetiva? Não sei. O que me basta saber, - nisto não paira sombra de dúvida, - é que todos os corações que pulsam na terra sentem o apelo do belo.
Quando um artista, um gênio, perde toda sua força espiritual e sua alma decai, este ainda poderá assomar à borda do abismo e ser salvo se tiver preservado com ele este único bem: o senso de beleza.
Fui testemunha das inúmeras vezes em que ele ressurgiu exuberante e belo, dos muitos abismos em que teimavam atirá-lo. Inútil, êle retornava, paciente, desprendido, sábio, carinhoso e apaixonado, em busca da nunca esquecida beleza.
Aos que não o conheceram, está em tempo, seus poemas, refletem sua vida. Alternam perspectivas, arrependimentos, inconformismo, fatalidades, aflições, sempre exibindo o belo como alternativa.

Paulo Afonso, em Itaitinga, CE, 21/11/1998.