sábado, 22 de outubro de 2011
Carrancas do São Francisco
Segundo os historiadores, as barcas que circulavam pelo rio São Francisco de 1880 a 1940, foram as únicas embarcações primitivas de povos ocidentais que usaram figuras de proa ou carrancas. Elas serviam para espantar os animais, maus espíritos e os duendes moradores do rio São Francisco que de noite saiam das profundezas das águas para assombrar barqueiros, tentar mulheres e roubar crianças. Esses seres ao verem as figuras das carrancas nas proas, de olhos esbugalhados, de bocas enormes escancaradas e agressivas, se espantavam e se recolhiam aos seus esconderijos.
Segundo sabem os moradores de Itaitinga, eu sou o único cidadão desta cidade que tem uma carranca na porta de casa. Ela serve para espantar políticos corruptos e sem moral, nem sempre moradores da cidade, que de dia ou de noite saem das profundezas de suas consciências para assombrar o povo incauto, superfaturar licitações, participar de mensalinhos, agredir mulheres, e espancar crianças. Esses seres imundos ao se depararem com a carranca na minha porta, param, botam a mão no bolso, coçam a cabeça e vão embora desolados, para esconderem-se nas profundezas de seus fétidos gabinetes.
Quando coloquei a carranca na minha porta, percebi de imediato que determinados políticos que eram até meus amigos, eu nada sabia deles, e vinham aqui frequentemente, deixaram de vir. Depois, começaram a surgir escândalos e agradeci à minha carranca por ter tomado conta da minha casa.
Quando saio, levo no bolso um dente de alho. Também protege contra vampiros sugadores de dinheiro público. Protege contra os demônios da corrupção e as satânicas fofoqueiras, que orbitam em torno deles. É eficaz e utilizado desde a idade média.
As eleições se aproximam. Cuidado, eleitor, com o corrupto que vai tentar lhe enganar e comprar seu voto. Cuidado com o parlamentar que lhe traiu trocando de partido. Admito que um parlamentar troque de partido quando ele era perseguido no partido onde estava e não lhe davam espaço. Ou quando sai para partido novo que representa o que ele queria. Mas mudar por conveniência pessoal é uma forma de corrupção.
Imagine o quadro: eu escolho um candidato de um partido progressista (PT, PC do B, PSB) que apóia o casamento entre pessoas do mesmo sexo; apóia o aborto. Não casei com pessoa do mesmo sexo e eu e a minha mulher não admitimos em nossa família o aborto. Mas acho que a legislação deve prever isso para quem o queira. Repentinamente este parlamentar, eleito, muda para um partido de direita, conservador, como o PSC que não admite tais coisas, e vem fazendo campanha contra isto na TV. Perdi o meu voto. Fui traído pelo corrupto.
A fidelidade partidária não tem que ser garantida apenas pela lei, mas pelo eleitor que deve deixar de votar nos políticos corruptos que trocam de partido sem motivação.
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