Nada assustou mais o todo poderoso presidente do império do norte, como um velho par de sapatos, de tamanho 42, segundo ele, descalçados ali mesmo, na hora, e arremessados com perigosa e certeira pontaria. Acertariam o centro da testa, não fosse a rapidez, o reflexo instantâneo da quase vítima.
Quase não. Vítima mesmo. A mídia ocidental descobriu rápido, o significado de se atirar sapatos em alguém, na cultura milenar daquele país, a antiga Babilônia de nossos livros escolares. A rica cultura mesopotâmica traz em pleno século XXI, as raízes culturais milenares, que afloraram no gesto de tocar o outro com os sapatos (impuros), e Bagdá, a capital das Mil e Uma Noites, assistiu, com todo o mundo, via satélite, às margens do Tigre, o despertar de sua cultura adormecida.
Sapatos impuros atirados contra o visitante indesejado. Impuros porque tocam diuturnamente o solo dos cemitérios, das prisões, dos cárceres clandestinos onde se tortura e mata. Sapatos que trazem em si o cheiro da morte. Morte que levou um milhão de vítimas inocentes.
Muntadar al-Zaidi, o jornalista iraquiano quis mostrar ao mundo, e mostrou, que seu povo sofrido não perdeu a dignidade. É o mais novo herói do mundo árabe.
E o presidente se despede do mundo, do seu mandato. Sorridente, declarando que o único erro do seu governo foi o serviço de inteligência haver se enganado sobre a existência das armas de destruição em massa.
Ao meu amigo Hassan, um grande abraço.
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