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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Estado, que Estado?

No último trimestre de 2008 aumentaram muito em minha caixa de mensagens eletronicas, aquelas que davam conta da chegada do Natal e que sugeriam a doação de um quilo de alimentos para determinadas instituições, ou até depósitos em dinheiro em determinadas contas bancárias, para amenizar o sofrimento, na noite de Natal, daqueles que moram em abrigos, asilos, nas ruas.

Sempre respondi a estas mensagens com uma pergunta: Estas pessoas carentes terão uma bela noite de Natal, e nos outros 364 dias do ano, o que você propõe que se faça? Nunca recebi nenhuma resposta.

Aristóteles ensinava que “o homem é por natureza um animal social, e um homem que, por natureza, e não por mero acidente, não fizesse parte de cidade alguma seria desprezível ou estaria acima da humanidade”. Esta concepção aristotélica está clara em A Política, obra permanentemente atual, onde ele afirma que “a cidade tem precedência por natureza sobre o indivíduo, porque este não é auto-suficiente, e está em relação à comunidade como as outras partes em relação ao todo”.

Já nem é necessário aderir ao pensamento de Thomas Hobbes sobre condição humana, sua fragilidade, seu egoísmo, seu instinto natural de sobrevivência, que o levam à agressividade e às guerras, para que então possamos compreender a luz que se projeta sobre a realidade sombria dos nossos dias, que demonstram claramente que o homem ainda não atingiu a maturidade que lhe permita se autogovernar e conviver com o seu semelhante e com a natureza.

Boa a idéia de se fazer algo pelos moradores de rua, ou dos asilos e abrigos na noite de Natal. Mas por que não unir os esforços de várias pessoas, ou formar uma Ong, e trabalhar pelo próximo durante todo o ano? Não para substituirmos o Estado. Este trabalho é setorial, regional. O papel do Estado é insubstituível em um processo permanente de planejamento, desenvolvimento e integração regional e das políticas públicas. Que não se aproveite a crise ética em que vivemos, não só na política, mas em todos os campos, para tentar desqualificar as responsabilidades do Estado.

Já há algumas pessoas fazendo este trabalho o ano inteiro, sozinhas, em grupos, em Ongs organizadas, em movimentos religiosos, amenizando o sofrimento do próximo. Que o Feliz Natal, possa ser vivido o ano inteiro, por você também.

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