segunda-feira, 16 de maio de 2011
Língua portuguesa
Tenho andado há muito tempo preocupado com as agressões sofridas pela nossa língua portuguesa. Não bastassem nossos compatriotas que saem da faculdade “iscrevendo” meio torto, ainda vem hoje a Rede Globo dar uma notícia interessante. A maior colônia estrangeira em Portugal é a Colônia Brasileira. Em virtude disto, a própria Rede Globo resolveu promover lá um DIA DO BRASIL, grande festa, com artistas brasileiros, milhares de compatriotas embandeirados nas ruas. Mas a este ato, a Globo chamou de BRAZIL DAY, pode? Olavo Bilac deve estar se contorcendo na tumba, ele, logo ele, autor do soneto Língua Portuguesa, que reproduzo abaixo.
Para escorregarmos e cometermos certos deslizes, ou para evitá-los, se estudarmos direitinho, há nova preocupação: O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Sim, porque desde 1º de janeiro de 2009 entrou em vigor no Brasil a nova grafia do português, definida pelo Acordo Ortográfico de 1990.
Oito países de língua portuguesa ratificaram o acordo. Foram eles: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
O Brasil ratificou o acordo em 1995, implantou em 2009, estabelecendo um período de transição, e, finalmente, o torna obrigatório a partir de 2013. Isto quer dizer que “autoescola” ainda pode ser grafada como “auto-escola” sem que se constitua erro, até 2013.
O trema foi extinto (mas há exceções), algumas palavras perderam acentos e as regras do hífen mudaram. Agora é preciso reaprender a escrever do jeito novo. Ouvi muita gente lamentar a perda do trema. Muitos achavam certo charme usá-lo. No entanto poucos sabiam usá-lo. Terá a linguiça do nosso churrasco o mesmo sabor da antiga lingüiça? Pior o meu computador, que quando escrevo sem trema, teima em corrigir automaticamente, colocando o sinal.
O acordo é muito vasto, e é bom conhecê-lo na íntegra, para escrever melhor. Afinal, já o devemos seguir agora, e teremos mesmo que segui-lo obrigatoriamente em 2013, que já está em cima. Tire um tempinho, conheça e estude o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Depois de bem estudado, veja se você passa pela bateria de testes.
Já que toquei no nome de Olavo Bilac, é bom lembrar quem foi ele. Além de poeta parnasiano, cronista, contista, conferencista e autor de livros didáticos, Bilac deixou também na imprensa do tempo do Império e dos primeiros anos da República vasta colaboração humorística e satírica, assinada com os mais variados pseudônimos, entre os quais os de Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., assinando, em outras vezes, o seu próprio nome. Nascido no Rio de Janeiro a 16 de dezembro de 1865 foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, em que ocupou a cadeira nº. 15, que tem Gonçalves Dias por patrono. No seu principal livro, "Poesias", incluiu Bilac alguns sonetos satíricos, sob o título de "Os Monstros". Escreveu livros em colaboração com Coelho Neto, Manuel Bonfim e Guimarães Passos, sendo que, com este último, o volume intitulado "Pimentões", de versos humorísticos.
Foi deste seu livro principal, Poesias (Livraria Francisco Alves - Rio de Janeiro, 1964), que extraí os versos do soneto abaixo, em sua pág. 262.
LÍNGUA PORTUGUESA
Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
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2 comentários:
Caro Paulo Afonso,
O mundo tem evoluído cada vez mais veloz. Em velocidade 4 como diria alguma das mulheres frutas. E a nossa linda e maravilhosa Lingua Portuguesa, tembém evolui, embora em velocidade 1.
Aproveito para deixar as minhas sugestões para as próximas mudanças:
1 - Acabem com o dígrafo CH, para que as palavras possam simplsmente ser escritas com "X". Absurdo! Não acabaram com o "PH" há muito tempo? O "F" que o diga.
2 - Acabem com o dígrafo "SS" pra que tanto "S", um só não resolve? Assim o padeiro vai amasar a masa, o padre celebrar a misa, e como vai ficar pose... Do deputado? Ah! o "S" com som de "Z" também deveria acabar, então POSSE seria POSE e POSE ficaria POZE. Estranho? Só no comeso depois a gente se acostuma. Ei! Acabei de acabar com o "ç". Então pergunto: "Ç" pra quê? Se você quer ver "S" demais, é só ir à Praia de Ipanema, embora temos muitos "S" em outras praias brasileiras também, mas lembre sempre, cuidado onde você coloca o seu "S".
3 - Acabem com o "X" com som de outras letras como "Z" por ezemplo.
4 - Enfim, acabem com todas as ecesões ou seria excessões, não! Por enquanto ainda é EXCEÇÃO. Agora sim! Soou melhor. As exceções deixa nós mortais em maus lençois e privilegia os Imortais da Academia - os tornam reis numa terra de cego.
Ah! Antes que eu me esqueça, o verbo fazer quando se refere a tempo pretérito, fica no singular, exemplo: "faz 23 anos que moro em São Luís" e não "fazem 23 anos que moro em São Luís". Frescurinha da nossa lingua, mas que infelizmente sempre dá o que falar.
Um grande abraço, parabéns pelo seu Blog e pelo texto "Lingua Portuguesa".
Lúcio
Brasil day... Ridículo, não?
Jandira de Mattos - BH/MG
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