Tenho andado há muito tempo preocupado com as agressões sofridas pela nossa língua portuguesa. Não bastassem nossos compatriotas que saem da faculdade “iscrevendo” meio torto, ainda vem hoje a Rede Globo dar uma notícia interessante. A maior colônia estrangeira em Portugal é a Colônia Brasileira. Em virtude disto, a própria Rede Globo resolveu promover lá um DIA DO BRASIL, grande festa, com artistas brasileiros, milhares de compatriotas embandeirados nas ruas. Mas a este ato, a Globo chamou de BRAZIL DAY, pode? Olavo Bilac deve estar se contorcendo na tumba, ele, logo ele, autor do soneto Língua Portuguesa, que reproduzo abaixo.
Para escorregarmos e cometermos certos deslizes, ou para evitá-los, se estudarmos direitinho, há nova preocupação: O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Sim, porque desde 1º de janeiro de 2009 entrou em vigor no Brasil a nova grafia do português, definida pelo Acordo Ortográfico de 1990.
Oito países de língua portuguesa ratificaram o acordo. Foram eles: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
O Brasil ratificou o acordo em 1995, implantou em 2009, estabelecendo um período de transição, e, finalmente, o torna obrigatório a partir de 2013. Isto quer dizer que “autoescola” ainda pode ser grafada como “auto-escola” sem que se constitua erro, até 2013.
O trema foi extinto (mas há exceções), algumas palavras perderam acentos e as regras do hífen mudaram. Agora é preciso reaprender a escrever do jeito novo. Ouvi muita gente lamentar a perda do trema. Muitos achavam certo charme usá-lo. No entanto poucos sabiam usá-lo. Terá a linguiça do nosso churrasco o mesmo sabor da antiga lingüiça? Pior o meu computador, que quando escrevo sem trema, teima em corrigir automaticamente, colocando o sinal.
O acordo é muito vasto, e é bom conhecê-lo na íntegra, para escrever melhor. Afinal, já o devemos seguir agora, e teremos mesmo que segui-lo obrigatoriamente em 2013, que já está em cima. Tire um tempinho, conheça e estude o
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Depois de bem estudado, veja se você passa pela
bateria de testes.
Já que toquei no nome de Olavo Bilac, é bom lembrar quem foi ele. Além de poeta parnasiano, cronista, contista, conferencista e autor de livros didáticos, Bilac deixou também na imprensa do tempo do Império e dos primeiros anos da República vasta colaboração humorística e satírica, assinada com os mais variados pseudônimos, entre os quais os de Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., assinando, em outras vezes, o seu próprio nome. Nascido no Rio de Janeiro a 16 de dezembro de 1865 foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, em que ocupou a cadeira nº. 15, que tem Gonçalves Dias por patrono. No seu principal livro, "Poesias", incluiu Bilac alguns sonetos satíricos, sob o título de "Os Monstros". Escreveu livros em colaboração com Coelho Neto, Manuel Bonfim e Guimarães Passos, sendo que, com este último, o volume intitulado "Pimentões", de versos humorísticos.
Foi deste seu livro principal, Poesias (Livraria Francisco Alves - Rio de Janeiro, 1964), que extraí os versos do soneto abaixo, em sua pág. 262.
LÍNGUA PORTUGUESA
Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
2 comentários:
Caro Paulo Afonso,
O mundo tem evoluído cada vez mais veloz. Em velocidade 4 como diria alguma das mulheres frutas. E a nossa linda e maravilhosa Lingua Portuguesa, tembém evolui, embora em velocidade 1.
Aproveito para deixar as minhas sugestões para as próximas mudanças:
1 - Acabem com o dígrafo CH, para que as palavras possam simplsmente ser escritas com "X". Absurdo! Não acabaram com o "PH" há muito tempo? O "F" que o diga.
2 - Acabem com o dígrafo "SS" pra que tanto "S", um só não resolve? Assim o padeiro vai amasar a masa, o padre celebrar a misa, e como vai ficar pose... Do deputado? Ah! o "S" com som de "Z" também deveria acabar, então POSSE seria POSE e POSE ficaria POZE. Estranho? Só no comeso depois a gente se acostuma. Ei! Acabei de acabar com o "ç". Então pergunto: "Ç" pra quê? Se você quer ver "S" demais, é só ir à Praia de Ipanema, embora temos muitos "S" em outras praias brasileiras também, mas lembre sempre, cuidado onde você coloca o seu "S".
3 - Acabem com o "X" com som de outras letras como "Z" por ezemplo.
4 - Enfim, acabem com todas as ecesões ou seria excessões, não! Por enquanto ainda é EXCEÇÃO. Agora sim! Soou melhor. As exceções deixa nós mortais em maus lençois e privilegia os Imortais da Academia - os tornam reis numa terra de cego.
Ah! Antes que eu me esqueça, o verbo fazer quando se refere a tempo pretérito, fica no singular, exemplo: "faz 23 anos que moro em São Luís" e não "fazem 23 anos que moro em São Luís". Frescurinha da nossa lingua, mas que infelizmente sempre dá o que falar.
Um grande abraço, parabéns pelo seu Blog e pelo texto "Lingua Portuguesa".
Lúcio
Brasil day... Ridículo, não?
Jandira de Mattos - BH/MG
Postar um comentário