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sábado, 21 de maio de 2011

Só para relembrar. E é o suficiente!


Lembras do jardim? E daqueles lençóis quentes? Será que ainda lembras dos banhos? Banhos que eu "temperava"... E a touca improvisada com o plástico das toalhas, para não molhar o cabelo, lembras?
Lembras do ar condicionado? Lembras do barulho e do frio que ele fazia? E o carro? Aquele que não subia, lembras? Vexame, nem de ré ele ia, e o largamos na estrada...
E os bolos? Um no restaurante do Museu de Arte Moderna, e foi teu. Mas houve o meu, no dia da Olimpíada da empresa.
Lembras dos telefonemas, os recados? Coisa arriscada! Mas compensava só pelo prazer de te ver, te ouvir, te possuir, misturar tudo dentro de ti.
Lembras quando chorando pedistes: - "Aconteça o que acontecer, voce jura que não me deixa?"
- Jurei. Mas e aí? Tu me deixastes...
Mas, e aí? Lembras de nossas músicas? E os encontros no lugar de sempre, à hora de sempre, para o programa de sempre? E sabes que ainda hoje, sempre que posso, ainda volto lá?
- E para quê?
- Para nada, dirás.
- E por que volto?
- Por nada, e é o suficiente!
- Bruxa!
- Monstro! Louco!
- Ah! Tu...
- Amor!...
- ... e me deixastes!
Mas tudo bem. E aí? Vamos relembrar. Lembras dos bilhetes? Os presentes? E teu telegrama apaixonado que dizia: "te amo!"
Ah! E os cartões? Foram eles! É foi um deles, um cartão com uma rosa amarela. Rosa do meu jardim interior. Meu jardim da vida, para ti. Acharam-no! Como tudo complicou, lembra?
E aí, bruxinha? Acabou o jardim, acabou você, acabou minha vida. Será que foi o suficiente?

Rio de Janeiro, RJ, 24/05/1980

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