domingo, 26 de junho de 2011
Reforma Política: Reduzir o número de parlamentares
Essa é uma proposta que não tem perigo de ser aprovada. Qual o vereador, deputado estadual ou federal, e qual o senador que teria a coragem de aprovar um projeto que ele acha que dificultaria sua eleição?
Mas a proposta é simples, clara, objetiva. Por que temos 3 senadores por estado, seja um estado grande ou pequeno? Se não se quer fazer no senado a proporcionalidade do número de vagas com a população, que se diminua o número de parlamentares. Hoje são 3 por estado, com um total de 81 senadores. Reduzir para dois por estado, com um total de 54 senadores já seria uma boa idéia.
Mas e o suplente de Senador? Temos que acabar com isso. O suplente de deputado é o mais votado que não entrou no número de vagas. Mas o suplente de senador são dois ou três nomes que ele coloca na inscrição, geralmente seu pai, esposa, filho, e que o eleitor nem toma conhecimento. Você elege o senador e o suplente, que não foi votado, vai à reboque.
A Câmara Federal, mantém a proporcionalidade entre o número de vagas e a população do estado. Mantenhamos isto, mas cortando pela metade. Por que 513 deputados federais? A metade resolveria, com menor despesa.
Nos estados, as Assembléias Legislativas tem um número de vagas proporcional ao número de habitantes do estado. Cá, no Ceará, são 46 deputados, quando apenas 23 resolveriam o problema cortando despesas pela metade.
No município é que a coisa é mais grave. Em cada um as suas particularidades. Em minha cidade, Itaitinga, no Ceará eram 13 vereadores e foram reduzidos para 9 por medida de economia. Não se economizou nada, pois os vereadores pegaram o dinheiro que sobrou das quatro vagas que deixaram de existir e se concederam um autoaumento. Agora, argumentam que com mais cadeiras fica mais fácil se eleger e voltaremos a ter 13 vagas.
É proibida a eleição do analfabeto, mas tal como Tiririca que foi eleito deputado federal, muitos vereadores nos municípios brasileiros, são completamente analfabetos. Se a missão dos parlamentares é fazer as leis do país, do estado e do município, como permitir parlamentar analfabeto?
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Reforma Política: o voto do analfabeto
As propostas de reformas políticas estão sendo discutidas no Congresso Nacional. Serão aprovadas aquelas que beneficiarem os parlamentares federais das duas casas. Bom que o povo pudesse ser ouvido em referendum.
Eu já tenho idéia formada para algumas das propostas. Para outras, teria que pensar mais um pouco. Por exemplo: o voto facultativo. Contra ou a favor? Difícil responder agora. O voto facultativo parece mais democrático, mais civilizado. No entanto, em um país onde se compra muito voto, o facultativo seria bem mais caro, pois o eleitor esperaria em casa a melhor proposta. Há um lado positivo. O voto seria tão caro, que talvez fossem comprados menos votos.
E o voto do analfabeto? Este sou radicalmente contra. Como pode votar uma pessoa incapaz de ler as propostas do candidato e do seu partido? Tenho dois exemplos que reforçam minha teoria. Uma amiga, analfabeta funcional, candidatou-se a vereadora em minha cidade, pelo PC do B. Ela tem cinquenta e poucos anos e é beata fervorosa, vive na igreja. Quando eu lhe disse que seu partido repudia a idéia de Deus, prega o ateísmo, defende o casamento entre pessoas do mesmo sexo e defende o aborto, ela não quis acreditar e continuou em campanha afirmando sou do PC do B, graças a Deus. O Outro é um amigo que palmeirense convicto filiou-se ao PV – Partido Verde, em homenagem ao verdão!
quinta-feira, 23 de junho de 2011
As muitas fogueiras e quadrilhas de São João
Quando chega o mês de junho, as comunidades nordestinas se alvoroçam para os preparativos do São João. E, dizemos São João, como se olvidássemos, injustamente a seriedade de São Pedro, o porteiro do paraíso celeste, o guardião do grande portal; como se esquecêssemos ainda, o popular Santo Antônio, o casamenteiro, santo padroeiro de tantas moças casamenteiras, que os guardam ou os enterram de cabeça para baixo, libertando-os apenas quando o santo lhes arruma um bom partido. E, que bom partido aqui, não seja confundido com os mil e um partidos que nos enganam e perturbam neste ano eleitoral, com promessas mirabolantes que jamais poderão ser cumpridas.
Mas falemos dos folguedos juninos, que tomam conta de nossas ruas, alegrando crianças e trazendo recordações e nostalgia aos mais velhos. O nordeste explode em festas, festivais, onde o povo dança, canta, sorri, em meio à comidas típicas como o bom e substancioso baião de dois, ao som de forró e baião, no fole que rasga as quentes noites sertanejas.
Praças abandonadas pela municipalidade são limpas e preparadas pela comunidade, e ali, com um som fanhoso, pouca luz em gambiarras mal feitas, o som do fole invade a escuridão, já meio assustada pela luz quente e amarelada das fogueiras que lançam suas labaredas enfurecidas aos céus.
Aos poucos, à pé ou na carroceria de caminhões, vão chegando as crianças, os adolescentes, os jovens, com suas roupas típicas, já profanadas pelo modismo imposto pela mídia. Estão orgulhosos, a roupa nova, o aplauso e o carinho do povo, não são coisas disponíveis nos outros dias do ano.
A um canto, as quadrilhas se arrumam, com noivos, rainhas, princesas, casais destaque, mascotes, quase prontos para iniciar seu show, suas homenagens, a dança, o casamento caipira; noutro canto, perto da fogueira, meio às escondidas, sempre negadas, pululam as experiências pagãs, as simpatias, para cobrar do santo velhas promessas, para renová-las, ou para agradecer a graça do casamento arranjado.
Próximo à mesa dos jurados, em local de destaque, há mesas reservadas para as autoridades. Vereadores e candidatos antecipadamente declarados, gente que nunca se faz presente a este tipo de evento, ali está, para marcar presença, afinal este é um ano eleitoral. E, na fogueira de São João, queimam as vaidades, a vergonha, a ética, os devaneios, as verbas públicas mal utilizadas, a merenda escolar, o dinheiro do FUNDEF, como deveriam queimar mandatos e pretensões impopulares, junto com a arrogância da investidura em cargos públicos.
O sanfoneiro puxa o fole, os fogos riscam o espaço e explodem assustando a muitos com os estampidos secos. Nunca se sabe se há vereadores armados! As quadrilhas, com o apoio de candidatos e vereadores, dançam. Boa idéia seria botar os vereadores para dançar. Sei que alguns dançarão nas eleições. Mas digo agora. Nas festas juninas. Não seria interessante vermos dançar a quadrilha dos vereadores?? Uma quadrilha que se auto apoiaria, quadrilha rica, quadrilha institucional, quadrilha organizada. Fica a idéia, para que eles votem e aprovem o projeto de lei que definirá quem será o noivo, a rainha a princesa. Sem esquecer de reservar gorda fatia do orçamento público para uso próprio em ocasião tão especial. O pai da noiva furioso e armado, já sabemos quem será... E os jurados? O juiz? Gente com compromissos e que lhes dará o primeiro lugar. Afinal...
Que este povo sofrido, faminto, desempregado e sem esperanças, que cultua seus santos com tantas fogueiras, Santo Antônio, São João, São Pedro, aprenda a festejar com uma fogueira maior o dia de Santo Expedito, o padroeiro das causas impossíveis. Que ore a este santo, em busca de um futuro melhor, com políticos comprometidos com as causas sociais, para que nosso povo possa estar em festa consigo mesmo durante todo o ano. E é tão simples! Faça desta eleição uma festa. A urna será a sua fogueira. Queime nela aquilo que você sabe que não presta. Depois, festejemos com alegria esta vitória popular. Mas não esqueça de agradecer ao santo!
Conheça a origem das FOGUEIRAS DE SÃO JOÃO
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Referendum pelo desarmamento. De novo?
Que venha o novo referendum pelo desarmamento, inspirado na tragédia da escola de Realengo no Rio de Janeiro. Votarei NÃO, como da vez anterior, e continuarei votando NÃO nas próximas vezes em que voltarem a repetir o mesmo referendum.
Mas por que, podem perguntar alguns. Simples, eu diria, o rapaz que causou a tragédia de Realengo e muitos outros bandidos em nosso país compram armas clandestinamente, por baixo preço, das mãos de policiais civis e militares. A do psicopata de Realengo custou-lhe R$ 250,00. Se o bandido tem muito dinheiro, importa a arma dos EUA ou do Paraguai.
Se eu me sentir ameaçado pela bandidagem e mal protegido pela polícia e quiser uma arma, a estória é diferente. Uma boa pistola, custa no comércio entre 3 a 6 mil reais. O porte de arma na Polícia Federal tem taxas de cerca de mil reais agora e igual valor anualmente, para sua renovação. Mas ainda tenho que fazer um curso de tiro, com 40 horas/aula que custa mais que os mil reais da taxa anterior. Tenho que pagar sessões com uma psicóloga credenciada, para fornecer-me um laudo declarando que não sou psicopata e posso ter a arma. Portanto com cerca de seis a dez mil reais, posso ter uma arma, legalmente.
Por um preço absurdo desse, para que proibir? O preço já a torna proibida. Volto a dizer, um trabalhador, não pode ter a arma, devido ao alto preço, mas o bandido a compra baratinho.
Precisamos que o governo revogue urgente as leis que protegem bandidos. O cara é condenado a 30 anos e cumpre 5, sendo libertado por “bom comportamento”. Ao sair, reincide. Os bandidos precisam ser desarmados, presos em cadeias de onde não se possa fugir, onde não se possa ter acesso a celular e drogas, e mais do que tudo, precisam cumprir a pena toda, independente de bom comportamento, pois ter bom comportamento na cadeia, é obrigação dele.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Brizola, o engenheiro da democracia
É a vida. Uns chegando outros partindo. Felizes dos que partem com as malas cheias de muitas bagagens, das mil e uma realizações positivas que conseguiu produzir.
Comecei a conhecer a vida pública de Leonel de Moura Brizola (RS, 22/01/1922 – RJ, 21/06/2004), quando comecei a me interessar pela política nacional. Foi em 1961, na renúncia de Jânio Quadros. Para mim, a manchete da Última Hora: Jânio Renunciou, era o prenúncio do caos! Ficara com o coração apertado como se algo ruim estivesse para acontecer a todos nós, inclusive a mim, naqueles dias.
Acompanhei sua luta pela legalidade, pelo estado democrático de direito, para garantir a posse de João Goulart na presidência da república. Acompanhei sua coragem, querendo liderar a resistência militar quando Jango foi posteriormente deposto pelo golpe militar de 1964.
Veio para nós, a longa noite da ditadura militar. Prisões ilegais, desaparecimentos, tortura institucionalizada, assassinatos e a expulsão, o desterro de cidadãos pelo simples fato de pensarem diferente. Para ele o exílio, a cassação dos direitos políticos. Toda sua memória, seus feitos, sua luta por democracia e liberdade, foram banidos do país, junto com ele. Os abutres que dominaram o país e o submeteram àquela lúgubre ditadura, impediam que se falasse nele, e nos demais que com ele estavam exilados.
Foram vinte e um anos de escuridão. Mas a sociedade derrubou a ditadura. Lentamente, minando-a aqui, ali. Muitos foram mortos. Outros carregam ainda hoje os traumas, as marcas físicas e psicológicas da tortura. Mas finalmente, raiou novamente sobre nós o sol da liberdade, com seus raios fúlgidos. Passei a ver todos os dias, na televisão, as imagens de grandes líderes que retornavam com muita emoção ao país. Festa nos aeroportos. Milhares de pessoas iam recebê-los. Eu, a tudo assistia de casa.
Até que anunciaram o retorno de Leonel Brizola, que desembarcaria no Rio de Janeiro, no Aeroporto Internacional do Galeão, hoje Tom Jobim, pois Galeão é a Base Aérea, de triste memória. Algo me empurrava para o aeroporto. Fui lá. Multidão. Imprensa, povo, faixas, cartazes, flores, lenços vermelhos, choro e risos se misturavam no ar. Ví de longe, mesmo quando ele adentrou o saguão do aeroporto e misturou-se com o povo distribuindo e recebendo abraços.
Fui embora com um sentimento bom. Tinha a certeza que o país iria mudar, caminhando democraticamente por caminhos mais justos e igualitários. Sabia das dificuldades. O país estava quebrado. Talvez cinquenta anos fossem preciso para levantá-lo, mas a chegada de Leonel Brizola, com tantos outros nomes expressivos, seria a solução.
Digo tudo isso com emoção, porque sinto que estive presente, toquei as páginas da história, fiz parte dela, ajudei, à meu modo a escrevê-la. Nunca fui seguidor de Brizola, jamais votei nele ou me filiei ao seu partido. Aliás votei nele para vice-presidente quando ele disputou na chapa com o Lula. Mas reverencio sua memória, pelo grande brasileiro que foi. Amante da democracia, da liberdade. Sessenta anos dedicado à vida pública e morreu pobre, porque sempre honrou seus compromissos e os cargos públicos que lhe confiaram.
Na primeira eleição, após a ditadura ele era candidato ao governo do estado do Rio de Janeiro. Eu estava construindo o PT, recém fundado. Tínhamos nosso candidato, Fernando Gabeira, outro brasileiro e exilado ilustre. As urnas mostraram a vitória de Brizola, que no fundo me deixou feliz. Foi uma revolução no Rio de Janeiro. Dignidade e cidadania, coisas esquecidas, após a ditadura, voltaram a fazer parte do vocabulário popular. As polícias tiveram que ser reeducadas, para encarar o povo como cidadão, não mais como subversivos em potencial. Os morros fizeram festa, ainda não dominados pelo narcotráfico.
Vim conhecê-lo após ter deixado o governo. Fui levar uma encomenda ao apartamento de uma pessoa, amiga de minha família, na Av. Atlântica. Já vinha descendo, no elevador, quando este pára em determinado andar, e nele entra, sozinho, camisa esporte, paletó folgado, sobrancelhas marcantes, Leonel Brizola. Talvez, percebendo minha surpresa, abraça-me e fala comigo como se nos conhecêssemos desde crianças. No térreo aguardavam-no dois seguranças que o seguiram até o carro.
Mas para mim, a maior revolução foi na área da educação. O secretário de educação foi Darci Ribeiro, outro grande nome de brasileiro ilustre, exilado. Outro que tinha muito a contribuir ao país, mas que ficou vinte anos fora, impedido de participar do crescimento do seu país. Muita gente lembra de Darci Ribeiro como o construtor do sambódromo. Grande idéia que misturou arquibancadas do samba e escola pública. Mas para mim, foi a construção do CIEP a sua maior obra. Obra interrompida pelo final do mandato de Leonel Brizola. Outros governos que vieram depois, não continuaram a construção de novos CIEPs, como estava previsto. Se todas as escolas públicas deste país, como pensavam Darci Ribeiro e Leonel Brizola, tivessem se transformado em um CIEP, a nossa história hoje, seria outra.
O CIEP previa educação de qualidade, em tempo integral, professores com bons salários, alimentação para todos e lar, isso mesmo, moradia no local, com mães sociais, uma família, para meninos e meninas de rua.
Hoje, as homenagens fúnebres. Poucas, por mais que se faça, para quem merece muito mais. Homenagens que tomam conta do Brasil inteiro, principalmente Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Brasília. Muitas homenagens estão chegando do exterior. O reconhecimento do mundo, àquele que fez sua parte.
No entanto, a homenagem mais justa, seria chegar amanhã ao Rio de Janeiro, e ver um CIEP, um Brizolão, com o seu nome: Governador Leonel de Moura Brizola. Seria o reconhecimento, o atrevimento, a coragem da comunidade escolar, usando a cidadania que ele tanto pregou, para render-lhe esta derradeira, singela e justa homenagem. Quem se atreve a começar?
domingo, 12 de junho de 2011
Santo Antônio casamenteiro
Santo Antônio de Lisboa, Santo Antônio de Pádua, ou simplesmente Santo Antônio, é tudo uma pessoa só. Na realidade, nem Antônio ele se chamava, mas Fernando de Bulhões. Fernando trocou de nome aos 25 anos, saindo de um convento agostiniano para um franciscano. Na Ordem Franciscana, conviveu com São Francisco de Assis, o próprio fundador da ordem. Antônio formou-se em direito.
Mas o que importa mesmo é o seu lado casamenteiro e de excelente conciliador de casais.
Antigamente havia imagens dele, com o menino Jesus ao colo, em que a imagem de Jesus não era colada ao corpo de Santo Antônio. Contam que muitas moças querendo casar, sequestravam-lhe o menino Jesus e o escondiam, só o devolvendo quando o santo lhes arrumava casamento.
Outras jovens colocam a imagem de cabeça para baixo, dizem que só a mudariam de posição quando Santo António lhes arranjasse marido. Aliás foi isso que fez minha cunhada. Pior, enterrou o santo de cabeça para baixo numa touceira de bananeiras, numa madrugada do dia 13 de Junho. O santo lhe arrumou rápido um casamento em Brasília. Não com algum deputado ou senador. Acho que o santo estava meio zangado, e arrumou um casamento qualquer. Foi mal.
No Rio de janeiro fui ver de perto um outro antigo costume. A igreja do santo, no Largo da Carioca, distribui no dia 13 de junho o pão de Santo Antônio. Ganhei um e segui a tradição: colocar o pãozinho dentro de uma lata de mantimentos, para que não falte comida durante o ano. O pão que ficou na minha casa uma ano, dentro da lata do arroz, não mofou, mantendo-se íntegro o ano todo. Não faltou comida, ou pelo milagre do santo, ou porque eu trabalhava feito um doido.
Mas o mais interessante, vi no Ceará. Já praticado em Barbalha, vi acontecer em Itaitinga. A Caminhada do Pau da Bandeira. Corta-se na mata uma árvore grande e de tronco grosso (crime ambiental). São necessários dezenas de homens para levar o pau, que servirá de mastro da bandeira do santo. No caminho, pelas ruas da cidade, eles param para pequenos descansos. Nestas paradas, olham em volta e se veem alguma moça solteira a levam para montar no pau da bandeira, que levantam e balançam. Está feito o “batizado”. Dizem que a moça casa antes da próxima festa do santo.
Presenciei uma professora que sentou no pau, da bandeira, claro. Um comerciante incrédulo disse que se ela conseguisse casamento antes da próxima festa ele daria o fogão como presente. Se vai dar, não sei, mas ela arranjou marido, já estão noivos. Se você está solteira, não custa tentar. No ano que vem, claro, pois a foto acima é da 2ª caminhada do Pau da Bandeira de Santo Antônio, em 1º de junho de 2011
terça-feira, 7 de junho de 2011
A menina queimada do Vietnã: Kim Phuc
Acho que todos lembram a história desta garotinha que foi fotografada toda queimada, correndo nua e desesperada pelas ruas de Trang Bang, Vietnã, momentos depois de um bombardeio aéreo estadunidense. Quem não lembra, não viveu aquela época, mas ouviu falar ou viu a foto da garotinha queimada, correndo em busca de ajuda.
À época eu tinha 24 anos, já era casado, sem filhos, morava em Copacabana, Rio de janeiro e fiquei chocado quando vi o vídeo na TV e a foto nos jornais do dia seguinte. A menina desapareceu da mídia e eu nem sabia se estava viva ou morta. Muitos anos depois soube que estava morando no Canadá, completamente reabilitada.
E não só eu, pouca gente sabe o nome e o destino dessa pequena sofredora que se tornou uma mulher pacifista, símbolo de luta e garra. Kim Phuc é o nome da menina que conseguiu sobreviver a esta covardia daqueles que já haviam arrasado Hiroshima e Nagasaki e que ainda arrasariam depois do Vietnam, o Iraque, Egito, Irã, e tantos outros países e povos, exterminando liberdades, banalizando a vida, desrespeitando direitos humanos.
Kim Phuc sobreviveu, embora tenha praticamente morado 14 meses em um hospital para reabilitação, para tratar a dor e sofrimento das queimaduras de terceiro grau que teve em mais da metade de seu pequeno corpo. Kim Phuc agora é uma cidadã canadense e compartilha a sua opinião sobre a sobrevivência e inspiração. Ela tem viajado por todo o mundo, reunindo e conversando com as pessoas sobre a paz. Hoje, 39 anos depois, Kim Phuc é Embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Na foto vemos Kim Phuc hoje, ao lado de sua foto daquela época, nua, fugindo de seu povoado que estava sofrendo um bombardeio de napalm. Até hoje a foto é lembrada como uma das mais terríveis imagens da Guerra do Vietnã.
A foto foi tirada em 8 de junho de 1972, pelo fotógrafo Nick Ut, e Kim tinha apenas 9 anos. Ali, ela não sabia que o fato e a foto mudariam a sua vida para sempre.
Apesar de todo o seu trabalho pela paz mindial, fica a pergunta: - Quando os senhores no Norte deixarão o mundo em paz?
Vejam o que Kim Phuc disse em uma entrevista à BBC:
- “Em 1972, os americanos lançaram uma bomba de napalm em meu povoado, no sul do Vietnã. Um fotógrafo, Nick Ut, tirou uma foto minha fugindo do fogo, a foto que hoje é tão famosa. Eu me lembro que tinha 9 anos, era apenas uma menina. Naquela noite, nós do povoado havíamos ouvido que os vietcongues estavam vindo e que eles queriam usar a vila como base.
Então, quando já era dia, eles vieram e iniciaram os combates no povoado. Nós estávamos muito assustados. Eu me lembro que minha família decidiu procurar abrigo em um templo, porque nós acreditávamos que lá era um lugar sagrado. Nós acreditávamos que, se nos escondêssemos lá, estaríamos a salvo.
Eu não cheguei a ver a explosão da bomba de napalm; só me lembro que, de repente, eu vi o fogo me cercando. De repente, minhas roupas todas pegaram fogo, e eu sentia as chamas queimando meu corpo, especialmente meu braço.
Naquele momento, passou pela minha cabeça que eu ficaria feia por causa das queimaduras, que eu não ia mais ser uma criança como as outras.
Eu estava apavorada, porque de repente não vi mais ninguém perto de mim, só fogo e fumaça. Eu estava chorando e, milagrosamente, ao correr meus pés não ficaram queimados. Só sei que eu comecei a correr, correr e correr. Meus pais não conseguiriam escapar do fogo, então eles decidiram voltar para o templo e continuar abrigados por lá. Minha tia e dois de meus primos morreram.
Um deles tinha 3 anos e o outro só 9 meses, eram dois bebês. Então, eu atravessei o fogo.
O fotógrafo Nick Ut nos levou para um hospital das redondezas.
Assim que ele nos deixou lá, foi para uma sala escura revelar as fotos.
Depois, me falaram que eu e as outras pessoas feridas seriam transferidas para o hospital de Saigon. Dois dias depois, meus pais me encontraram no hospital. Eu passei bastante tempo no hospital: 14 meses. Os médicos fizeram 17 cirurgias para curar as queimaduras de primeiro grau. Metade do meu corpo ficou queimado.
Aquele foi um momento decisivo na minha vida. A partir daí, eu comecei a sonhar em como ajudar outras pessoas. Meus pais guardaram a foto, que tinha saído num jornal, e depois a mostraram para mim. "Esta é você, quando você estava ferida", disseram eles. Eu não consegui acreditar que era eu, era uma foto aterrorizante.
Eu acho que todas as pessoas deveriam ver essa foto, mesmo hoje.
Porque essa foto mostra claramente como uma guerra é terrível para as crianças. Você pode ver o terror no meu rosto. Basta ver a foto, para as pessoas aprenderem”.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Para que título?
Sei como está se sentindo, meu amor. Tudo passa. Você e eu passaremos também e o horror do mundo permanecerá. Mas pense que, enquanto ainda estivermos lutando, bloquearemos o horror por algum tempo. Se todos abandonassem a luta, os barbaros dominariam tudo por mais milo anos. Ainda que sejamos ignorantes e mal orientados, a causa que defendemos é boa. Ttem de acreditar nisso, nunca deve se esquecer disso. Olhe... Até eu, sou um pequeno triunfo para você. Por favor, ouça-me. Não posso lembrar-me do tempo em que pertenci a mim mesmo. Agora é diferente e eu sei que me pertenço. Até mesmo se eu me der a você, dar-me-ei como um homem livre. Se você não tivesse se importado, eu estaria morto ou preso.
Tudo isto é muito bom - este lugar, este dia - não acha? Não estaríamos gozando nada disto, se você não tivesse feito a sua luta, com os seus erros também...
Agora, por que não me convida para a sua casa, para ficarmos juntos esta noite?
Rio de janeiro, RJ, 15/10/1989
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