quinta-feira, 23 de junho de 2011
As muitas fogueiras e quadrilhas de São João
Quando chega o mês de junho, as comunidades nordestinas se alvoroçam para os preparativos do São João. E, dizemos São João, como se olvidássemos, injustamente a seriedade de São Pedro, o porteiro do paraíso celeste, o guardião do grande portal; como se esquecêssemos ainda, o popular Santo Antônio, o casamenteiro, santo padroeiro de tantas moças casamenteiras, que os guardam ou os enterram de cabeça para baixo, libertando-os apenas quando o santo lhes arruma um bom partido. E, que bom partido aqui, não seja confundido com os mil e um partidos que nos enganam e perturbam neste ano eleitoral, com promessas mirabolantes que jamais poderão ser cumpridas.
Mas falemos dos folguedos juninos, que tomam conta de nossas ruas, alegrando crianças e trazendo recordações e nostalgia aos mais velhos. O nordeste explode em festas, festivais, onde o povo dança, canta, sorri, em meio à comidas típicas como o bom e substancioso baião de dois, ao som de forró e baião, no fole que rasga as quentes noites sertanejas.
Praças abandonadas pela municipalidade são limpas e preparadas pela comunidade, e ali, com um som fanhoso, pouca luz em gambiarras mal feitas, o som do fole invade a escuridão, já meio assustada pela luz quente e amarelada das fogueiras que lançam suas labaredas enfurecidas aos céus.
Aos poucos, à pé ou na carroceria de caminhões, vão chegando as crianças, os adolescentes, os jovens, com suas roupas típicas, já profanadas pelo modismo imposto pela mídia. Estão orgulhosos, a roupa nova, o aplauso e o carinho do povo, não são coisas disponíveis nos outros dias do ano.
A um canto, as quadrilhas se arrumam, com noivos, rainhas, princesas, casais destaque, mascotes, quase prontos para iniciar seu show, suas homenagens, a dança, o casamento caipira; noutro canto, perto da fogueira, meio às escondidas, sempre negadas, pululam as experiências pagãs, as simpatias, para cobrar do santo velhas promessas, para renová-las, ou para agradecer a graça do casamento arranjado.
Próximo à mesa dos jurados, em local de destaque, há mesas reservadas para as autoridades. Vereadores e candidatos antecipadamente declarados, gente que nunca se faz presente a este tipo de evento, ali está, para marcar presença, afinal este é um ano eleitoral. E, na fogueira de São João, queimam as vaidades, a vergonha, a ética, os devaneios, as verbas públicas mal utilizadas, a merenda escolar, o dinheiro do FUNDEF, como deveriam queimar mandatos e pretensões impopulares, junto com a arrogância da investidura em cargos públicos.
O sanfoneiro puxa o fole, os fogos riscam o espaço e explodem assustando a muitos com os estampidos secos. Nunca se sabe se há vereadores armados! As quadrilhas, com o apoio de candidatos e vereadores, dançam. Boa idéia seria botar os vereadores para dançar. Sei que alguns dançarão nas eleições. Mas digo agora. Nas festas juninas. Não seria interessante vermos dançar a quadrilha dos vereadores?? Uma quadrilha que se auto apoiaria, quadrilha rica, quadrilha institucional, quadrilha organizada. Fica a idéia, para que eles votem e aprovem o projeto de lei que definirá quem será o noivo, a rainha a princesa. Sem esquecer de reservar gorda fatia do orçamento público para uso próprio em ocasião tão especial. O pai da noiva furioso e armado, já sabemos quem será... E os jurados? O juiz? Gente com compromissos e que lhes dará o primeiro lugar. Afinal...
Que este povo sofrido, faminto, desempregado e sem esperanças, que cultua seus santos com tantas fogueiras, Santo Antônio, São João, São Pedro, aprenda a festejar com uma fogueira maior o dia de Santo Expedito, o padroeiro das causas impossíveis. Que ore a este santo, em busca de um futuro melhor, com políticos comprometidos com as causas sociais, para que nosso povo possa estar em festa consigo mesmo durante todo o ano. E é tão simples! Faça desta eleição uma festa. A urna será a sua fogueira. Queime nela aquilo que você sabe que não presta. Depois, festejemos com alegria esta vitória popular. Mas não esqueça de agradecer ao santo!
Conheça a origem das FOGUEIRAS DE SÃO JOÃO
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